Decidi fazer essa pesquisa pois foi por causa da história do Ford GT40 em Le Mans que me tornei um apaixonado por motores V8, pela Ford e por Le Mans também. Eu era mais jovem quando soube dos fatos e isso embasou o meu gosto por carros.
Considero o Ford GT40 como o Ford Supremo, pois ele é
fantástico e atingiu resultados impressionantes nas pistas.
Seu desenvolvimento teve início em 1963, vencendo grandes
provas do automobilismo mundial como as 24 Horas de Le Mans em 66, 67, 68 e 69.
É de fato um grande privilégio que um exemplar legítimo tenha vindo para o
Brasil logo em 1969.
Esta pesquisa que é totalmente embasada em jornais e
revistas vai mostrar o que foi notícia acerca do Ford GT40 no Brasil, mas como
são muitos acontecimentos, dividirei a pesquisa em 4 partes.
Vamos lá!
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| O Globo 11.10.69 |
Bom, o contexto era que o Comendador Ernayde Cardoso, chefe da equipe Colégio Arte e Instrução havia comprado o Ford GT40 na Inglaterra para o seu filho Sidney pilotar por sua equipe nas competições brasileiras. O GT40 foi embarcado e estava a caminho do Brasil.
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| Jornal do Brasil 15.10.69 |
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| Correio da Manhã 23.10.69 |
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| Correio da Manhã 28.10.69 |
O jornal ainda conta um breve resumo da participação do
Ford GT40 nas corridas. A partir de 1968, o regulamento das 24 Horas de Le Mans
mudaria e deixou de ser atrativo para a Ford. Nessa situação, a produção do
GT40 foi interrompida por ela. O exemplar que chegava ao Brasil era novo e
servia de apoio à Equipe Enterprise Motor Racing.
Afirmam que mais 2 GT40 de propriedade da Ford estão a
caminhão de para correr sob o comando do Greco. Seria importante a Ford do
Brasil se mexer, pois, se queria entrar nas competições, deveria ter o melhor
dos carros disponíveis. Para o público seria ótimo ver 3 Ford GT40 correndo no
Brasil.
Atenção para a ficha técnica apresentada:
V8 4.736cc, 400HP, mais 50HP pelos cabeçotes Gurney/Weslake/Eagle.
De 6.500 a 6.800 rpm. Relação curta, maior arrancada e menor velocidade final
com 286km/h. 4 carburadores Weber de corpo duplo 48IDA, 140 litros de gasolina.
Pneus Super Esporte GT Firestone. Rodas aro 15 com 10 polegadas na dianteira e
12 na traseira. Peso: 1097 quilos.
A questão do motor é muito importante. Deve ficar claro que o Ford GT40 tinha algumas opções de motores disponíveis. As mais conhecidas são: V8 289 (4.733cc) que correu em Le Mans, o V8 427 (6.994cc) que venceu Le Mans em 66 e 67 e também o V8 302 (4.946cc) que venceu Le Mans em 68 e 69. O exemplar que veio ao Brasil, estava equipado com o motor V8 289 de 4.7 litros. Este fato foi confirmado recentemente pelo próprio Sidney Cardoso em suas publicações nas redes sociais.
E essas fotos? Foram tiradas na Inglaterra no momento do
embarque? Acho pouco provável... Foram tiradas dentro do navio? Porque ele
estaria na carreta? Já tinha sido desembarcado e colocado na carreta? Mas o
próprio jornal diz que ainda seria desembarcado....
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| Correio da Manhã 29.10.69 |
Comparação do desenho do GT40 com o Lorena. O importante
para nós aqui são as fotos que ainda me intrigam sobre em qual momento foram
registradas.
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| Correio da Manhã 1.11.69 |
Marcello De Paoli, Scorzelli e Jorge Silva foram ver o
GT40 de Sidney Cardoso no cais do porto. Scorzelli já havia dado 8 voltas nele
em Silverstone.
Será que foram apenas ver o carro ou já desembarcaram
ele?
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| O Globo 1.11.69 |
Carlos Alberto Scorzelli, regressou da Inglaterra após
duas semanas onde foi tratar do embarque do Ford GT40 do Sidney Cardoso. Scorzelli
foi contratado pela Motor Racing Enterprise para guiar um Formula 3 na próxima
temporada. Ele foi fundamental para que a negociação fosse bem sucedida e o
GT40 ganhasse um novo lar.
Mauro Sales é o novo presidente da CBA.
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| O Jornal 1.11.69 |
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| Correio da Manhã 2 e 3.11.69 |
Scorzelli foi o primeiro piloto brasileiro a correr na
Inglaterra.
O GT40 tem caixa ZF, um item chave para o desempenho e
resistência do GT40.
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| O Jornal 9.11.69 |
Primeiros testes. 10 voltas para adaptação
do Sidney Cardoso que fez ótimo tempo de volta. O jornal conta a história do
GT40, diz que até hoje foram 99 modelos feitos, sendo que 5 são versões de rua.
Diz também que o carro do Sidney tem motor 4.7 e que pode ser aumentado para 4.9
(seria uma troca de motor, o 289 pelo 302).
Um ótimo resumo do que temos visto até aqui.
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| Correio da Manhã 9 e 10.11.69 |
Foi o Scorzelli que testou e provavelmente escolheu a mecânica do Ford GT40, mas tudo indica que o Sidney Cardoso não concordava com ele, pois logo no primeiro teste já quis fazer alterações.
O Lola T70 era o principal adversário, mas sofria com seu
motor Chevrolet.
Vídeo do primeiro treino:
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| Tribuna da Imprensa 14.11.69 |
A foto não é muito nítida, mas podemos ver que é do
desembarque. Diz que o carro foi desembarcado no dia 2/11 (a expectativa era o
dia 29/10). Diz que o carro foi “regra 3” em Le Mans e nunca disputou uma
corrida.
O GT40 que venceu Le Mans em 69 foi o mesmo que venceu em
68, sem dúvida, o carro, agora do Sidney, só teria corrido se houvesse um
problema sério com o campeão.
Diz que a relação do cambio é boa, mas o diferencial é
curto demais. O carro tem 5 marchas. Também mostra a ficha técnica.
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| Tribuna da Imprensa 21.11.69 |
Expectativa para a estreia do GT40 na quarta etapa do
campeonato carioca de automobilismo no dia 23.11.69
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| O Globo 22.11.69 |
Os revendedores Ford aproveitaram a entrada do GT40 no
Brasil para apresentar a linha 1970. Os veículos serão mostrados as 22 horas do
domingo dia 23 numa edição especial do programa Carro é Notícia na TV Rio.
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| Diário de Notícias 23.11.69 |
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| O Jornal 23.11.69 |
É hoje a estreia do GT40 na américa latina. A forma como
o jornal diz: “O Ford GT-40 que venceu as 24 Horas de Le Mans deste ano estreia
hoje no Autódromo de Jacarepaguá”, pode levar a conclusão que era o mesmo carro
vencedor na França, mas já vimos que se tratava de um carro novo, que nunca
tinha participado de corridas.
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| Correio da Manhã 23 e 24.11.69 |
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| Jornal dos Sports 24.11.69 |
A corrida aconteceu no Autódromo Internacional do Rio
pela manhã. Vitória. Dosou a potência e venceu de forma fácil. Fez o melhor
tempo na véspera 1’30”5/10, foi 2 segundos a menos do recorde da pista. Correu
com o número 20.
E assim aconteceu: Primeira corrida e primeira vitória do
Ford GT40 no Brasil.
Vídeo da primeira vitória:
Não é incrível que esses videos existam?!!!
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| Tribuna da Imprensa 24.11.69 |
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| Correio da Manhã 26.11.69 |
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| Jornal do Brasil 26.11.69 |
Mais sobre a corrida. Venceu com uma volta de vantagem.
Mau tempo e assistência relativamente pequena. Sidney pilotou sozinho.
Além da expectativa para ver o GT40 na pista, era uma novidade também ver o Sidney Cardoso pilotando um carro bem mais potente do que estava acostumado, mas ele se saiu muito bem e conduziu o GT40 à vitória.
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| Diário de Notícias 30.11.69 |
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| O Jornal 30.11.69 |
Elogios à organização da corrida. Era a estreia de Mauro
Forjaz como diretor de prova. O principal adversário do GT40 não correu, a Lola
Chevrolet teve um pistão furado.
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| Quatro Rodas 12.69 - lorenagt.com |
O GT40 é bom para qualquer pista! Ótimo resumo e dados
sobre a corrida. O recorde de volta foi baixado em 4 segundos pelo Sidney no
GT40. Só faltou dizer que em 66 e 67 também foram os GT40 que venceram Le Mans,
só espero que destacar esse feito não seja uma forma de desmerecer a vitória
obtida, transformando em uma obrigação...
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| Auto Esporte 1.70 - lorenagt.com |
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| Auto Esporte 1.70 - lorenagt.com |
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| Tribuna da Imprensa 28.11.69 |
Ainda sobre a participação no programa da TV Rio. O
comendador Cardoso pediu a Ford que facilitasse um pouco na manutenção do GT40.
Ele não quer peças ou dinheiro, queria apenas que a Ford ajude juridicamente
nas importações feitas por ele de peças e outras coisas que viesse a
necessitar.
É um pedido honesto, mas um pouco complicado, visto que
notícias apontavam um interesse da Ford em trazer mais 2 GT40 para ela no
Brasil. Seria alimentar o concorrente.
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| Tribuna da Imprensa 28.11.69 |
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| Correio da Manhã 5.12.69 |
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| Correio da Manhã 7 e 8.11.69 |
A transmissão completa do GT40 seguirá até amanhã para a
fábrica de câmbios ZF em São Paulo, onde receberá novas relações. Quinta-feira (11)
estará no Rio para a primeira experiência com a nova relação. A equipe Arte e
Instrução fez as contas e acredita que chegará ao final do retão com 292 km/h
para frear nos 100 metros. Decidiram andar no limite de 6500 rpm e se durante a
prova, verificarem que vão ganhar, diminuirão para 6200 rpm. Esta semana
chegaram novos platinados para o carro. Usará gasolina de 110/130 octanas, mais
baixa se o dia estiver frio.
Se acontecer a vitória, possibilitará a inscrição nas 24
horas de Daytona. O assunto está sendo cuidado pelo chefe da equipe, o
Comendador Cardoso, como uma promessa já feita ao Scorzelli e ao Sidney. Ainda
mostram uma comparação entre os carros e também a premiação em dinheiro da
corrida.
Perfeito, tudo encaminhado para a nova configuração de
marchas do GT40. Já pensou ir correr em as 24 Horas de Daytona com ele?! Seria
ótimo.
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| Diário de Notícias 10.12.69 |
Apenas o câmbio estava sendo atualizado.
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| O Globo 10.12.69 |
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| Correio da Manhã 11.12.69 |
Destaque para o Ford GT40. Os treinos classificatórios
serão no sábado e só correrão 30 carros. Há mais detalhes da prova. É dito que
o Scorzelli submeteu o GT40 a todas as espécies de testes em Silverstone devidamente
assistido pela equipe MRE.
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| O Jornal 12.12.69 |
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| Tribuna da Imprensa 12.12.69 |
Diferentemente da primeira corrida, agora ela será feita
em dupla. Scorzelli será o companheiro do Sidney durante as quase 8 horas de
duração dos Mil Quilômetros da Guanabara. As novas relações de câmbio do GT40
chegaram. Segundo os testes realizados no autódromo, o carro ficou melhor. É
como se tivesse sido feito sob medida para ao autódromo.
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| Correio da Manhã 13.12.69 |
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| Jornal dos Sports 13.12.69 |
Mais sobre a corrida. Uma alegação predomina entre as
equipes: a de que os pilotos do GT40 não têm a tarimba necessária para dirigir
o possante carro. A equipe Arte e Instrução está confiante tanto com o GT40,
como com o Lorena-Porsche. Mas essa falta de respeito não os afetaram, estavam
bem conscientes, com os pés no chão e focados na corrida.
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| Diário de Notícias 14.12.69 |
A briga principal ficaria entre cariocas e paulistas. Meu
coração fica dividido entre o Ford GT40 e o José Carlos Pace, piloto e pessoa
pela qual tenho uma grande admiração. Que vença o melhor!
O GT40 aparece em duas fotos. A debaixo tem a legenda
como se fosse a Lola T70, mas é claramente o Ford. Essa foto parece ser do dia
da chegada, por causa da carreta e do fundo... Interessante.
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| O Jornal 14.12.69 |
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| Jornal dos Sports 15.12.69 |
Resultado da III Mil Quilômetros da Guanabara. É dito que
o GT40 chegou atrasado no treino da véspera e seu tempo não foi computado, por
isso largou no último pelotão. Na primeira meia hora já estava em segundo e
descontando tempo do líder Alfa P-33, mas o carro começou a esquentar e
Scorzelli parou no box com o motor desligado. “Na afobação um dos mecânicos
colocou agua fria no radiador fundindo imediatamente o motor que será remetido para
a Europa para ser reparado”.
Que tragédia! Vamos analisar melhor a causa do problema,
mas ter o motor fundido logo na segunda corrida é muito triste...
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| Correio da Manhã 16.12.69 |
Mais sobre a corrida. 31 carros largaram e apenas 16
completaram. Sidney saiu em último por não ter marcado tempo. Na terceira
volta, apareceu em 8º, na quarta volta era 6º e na sexta volta o 4º. Na sétima
volta, 2ª posição. Sidney parou para trocar de piloto, mas Scorzelli deu
algumas voltas e encostou no carro de Zambello, depois teve problemas talvez
por um defeito no radiador de óleo, o carro sofreu brutal aquecimento. Óleo a
140º, fervura na água com 120º... foi para o box, onde um mecânico colocou agua
fria no radiador e quando ligaram o carro, o motor bateu biela.
Aqui vemos mais detalhes e informações da possível causa
da quebra...
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| O Jornal 16.12.69 |
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| O Jornal 21.12.69 |
Ainda sobre os Mil Quilômetros. Sidney Cardoso só
participou da prova com o GT40 graças a um abaixo assinado entre os pilotos.
Ele se atrasou pois esperava a nova relação chegar. Largou em último e forçou o
carro para chegar na frente, com isso o carro superaqueceu e bateu biela.
Viram como que de um jornal para o outro vai aparecendo
mais detalhes? Temos o exemplo aqui de como se deu a participação do Sidney e
também da quebra.
Esse relato da quebra não faz sentido pois o Sidney andou
apenas 7 voltas e passou o carro para o Scorzelli. O problema apareceu na volta
número 30. Aconteceu alguma outra coisa que não explicaram direito...
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| Correio da Manhã 21 e 22.12.69 |
Entrevista com o Comendador Ernayde Cardoso, chefe da equipe Arte e Instrução. Ele fala sobre sua intenção no automobilismo, sobre seus filhos e é claro, sobre o GT40. Diz que a participação na corrida de Daytona não está certa, é um caso a estudar. O convite foi recebido após os organizadores saberem da existência de um GT40 com eles.
Ele explicou o que aconteceu na quebra do GT40 na última
corrida: “Scorzelli percebeu uma anormalidade e parou a máquina, encostando no
box. Aí o radiador foi aberto e a água saia em golfadas. Foi quando um auxiliar
da equipe de manutenção tentou colocar água, que de modo algum penetraria no
radiador. Então Chico Landi aproximou-se e observou que o carro estava muito
quente para levar água, o que nem chegou a acontecer. ”
É dito que a relação do diferencial não tinha chegado ainda. Sobre a chegada do GT40 no Brasil, ele diz: “ um pessoal que se julga dono do automobilismo no país, e que considera um crime a vinda de carros estrangeiros, porque tira o estimulo da indústria nacional. ”
Eles tinham todos os manuais do motor e câmbio para poder
fazer os reparos necessários, além de contar com telefonemas diretamente para
Londres.
No final é contado uma história bem diferente do que vimos até aqui. O GT40 teria sido apenas emprestado pela MRE por 1 ano à equipe Colégio Arte e Instrução... coisas onde não vejo muito sentido.
O Comendador falou coisas na entrevista que demonstram
seu bom caráter. Quanto à quebra, vimos que o carro já chegou da pista quebrado,
não colocaram água fria nele, porém não é confirmado qual foi o motivo...
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| Jornal do Commercio 27.12.69 |
Haverá outra corrida, mas o GT40 continua quebrado.
Resumo:
Pouco mais de 40 dias após ter chegado ao Brasil, o Ford GT 40 sob a direção da Equipe Colégio Arte e Instrução venceu a sua corrida de estreia e acabou sofrendo uma quebra na segunda corrida. Ganhou grande reputação e confirmou ser o carro favorito para qualquer corrida que disputasse.
Embora não tenha sido dito nos jornais, este GT40 era o chassis número #1083. Por meio disso, conseguimos rastrear o seu paradeiro hoje em dia, mas isso nós veremos mais pra frente.
10(?)/10/69 - Embarcado na Inglaterra rumo ao Brasil, após
ter sido negociado e testado por Carlos Alberto Scorzelli em parceria com o Colégio
Arte e Instrução.
26/10/69 - O Navio Argentina Star chega com o GT40 no
Cais do Porto no Rio de Janeiro.
28/10, 29/10 ou 2/11 - Desembarque do GT40.
5/11/69 - Primeiros testes no autódromo do Rio.
19/11/69 – Mais testes e treinos.
23/11/69 - Vitória em sua primeira corrida pilotado por
Sidney Cardoso.
23/11/69 - Participação do Ford GT40 no programa Carro é
Notícia da TV Rio.
14/12/69 - Quebra do motor na III Mil Quilômetros da
Guanabara.
Somente o fato de ter um Ford GT40 já foi motivo para eles receberem um convite de correr nas 24 Horas de Daytona, que aconteceria entre os dias 31 de janeiro e 1 de fevereiro de 1970. Era um carro que abria portas para mergulhar de cabeça no automobilismo mundial.
Os boatos sobre a Ford estar trazendo mais 2 GT40 ao Brasil não se confirmaram.
Sobre a ficha técnica dele, posso dizer que é incomum que esse GT40 tenha saído com o V8 289 e caixa com relação curta, pois por ser o/ou um dos últimos a ser produzido, acredito eu que deveria seguir a linha do carro que venceu Le Mans (68 e 69) já com o V8 302. Não quero incluir o SE nessa história, mesmo porque o com o V8 289 de 4.7 litros, ele ainda era mais veloz que seus concorrentes no Brasil.
Não sou o primeiro e não serei o último a escrever sobre
esse carro, mas ao contrário dos demais, o foco aqui não é fazer uma lista dos
donos e período que cada um ficou com ele. Interessa apenas (pelo menos por
enquanto) a sua trajetória nas corridas e sua repercussão. Em vários momentos
eu poderia ter acrescentado ao assunto mais informações pelo que conheço, mas
vou manter a base de informação nos jornais e revistas utilizados.
Esta foi apenas a primeira parte, muita coisa ainda será
apresentada e elucidada nas próximas publicações.
Aguarde
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