Como encaro as pesquisas

Pesquisar não é apenas procurar e encontrar uma informação, envolve entender o seu significado, contexto e motivação.

A Pesquisa escrita embasa fotos, argumentos e citações. É fundamental conhecer o assunto para poder falar sobre ele.

Todo lugar de onde você tira uma informação, passa a ser uma fonte, mas nem toda fonte é confiável. Uma boa pesquisa considera apenas fontes reconhecidas e que demostram imparcialidade. Cuidado, não misture opinião com fatos.

A imparcialidade é um dos pontos mais importantes em uma pesquisa. Não podemos deixar que a nossa vontade de encontrar uma informação, seja maior que a própria informação. Devemos partir sempre da informação encontrada e aí sim fazer a análise. Se invertemos esse processo, a pesquisa tornar-se-á tendenciosa.

Seguindo o princípio da imparcialidade, temos que duvidar das informações que não conseguimos comprovar, como relatos de terceiros, contos, lendas... Devem servir como pistas, mas não como fatos.

 Ao reunir e tratar apenas de informações de fontes confiáveis, com base em fatos e analisada com imparcialidade, teremos uma pesquisa irrefutável.

Alguns pontos importantes:

Diferença entre História e Estória

História refere-se a acontecimentos reais, fatos que aconteceram e é de conhecimento.

Estória refere-se a narrativas populares ou tradicionais fictícias.
 

Contexto

Imagine uma foto mostrando uma criança esticando a mão como se estivesse pedindo dinheiro a um homem na rua. 
Como você comentaria essa foto?
Ora, a única coisa que sabemos é o que está na foto. Não sabemos se é uma situação do dia a dia, uma cena de filme, se as pessoas se conhecem ou não... há muitas possibilidades.
É nessa situação que percebemos que uma imagem não vale mais do que mil palavras, pois cada um que analisar vai tirar uma conclusão diferente.
E como vemos isso, não é mesmo? A mesma imagem utilizada com argumentos totalmente diferentes, contrários até... Falta responsabilidade na pessoa que inclui a opinião dela em um fato do qual não tem conhecimento. Sem contexto, não há história fiel.
 
 

A nossa memória

O cérebro humano é maravilhoso, mas pode nos enganar quando o assunto é o uso da memória.
Nem sempre lembramos de um acontecimento por completo, então o nosso cérebro automaticamente completa esses buracos na memória com outras imagens e sensações que vivemos. Pode ser que o que lembramos, não seja exatamente o que aconteceu.

Assista:
 

 
 

Quem conta a história

Mesmo conhecendo a fragilidade da memória humana, muitas vezes precisamos confiar nela, mas para isso, devemos ter cuidado.
A motivação de quem conta a história é um importante ponto para avaliar. Muitas pessoas querem ou precisam de atenção e assim acabam inventando ou aumentando a história que contam simplesmente para agradar às suas necessidades.  Deve-se analisar essa motivação, assim como também, cruzar o máximo de informações passadas no relato, com fatos históricos, procurando credibilidade no que foi contado.
Não se esqueça, todos somos seres humanos. Somos falhos e lapsos de memória ou autoconfiança podem ocorrer mesmo involuntariamente.
  
O filme 12 homens e uma sentença, é uma obra de arte e mostra detalhes de como uma situação é analisada do ponto de vista de cada pessoa e do ela viveu. Assista ao trailer: 

Todas as pessoas do universo deveriam assistir a esse filme e fazer uma redação sobre o que entendeu dele.

 

Explicar ou Justificar

É importante ter o conceito bem em mente. Muitas coisas têm explicação, mas mesmo assim não se justificam.
 
Por exemplo:
 - Porque você passou no sinal vermelho?
 - Passei porque eu estava com pressa.
 - Entendi a sua explicação, mas isso não justifica infringir a lei. Está aqui a sua multa.
 
Se não distinguirmos essa relação, vamos correr o risco de avaliar errado e contar uma história equivocada e com opiniões dispensáveis. 
 
 

A importância dos detalhes

Qualquer um pode contar que no caminho ao supermercado, presenciou um atropelamento. Isso é fácil, mas somente quem realmente esteve lá pode dizer como estava o clima, se havia muito trânsito, barulho, a quantidade de pessoas no local...
São os detalhes que a pessoa conta que vão adicionar credibilidade ao seu relato.
 
 

Investigação

O processo de pesquisa é científico, mas a investigação deve ser intuitiva. Sua experiência vai te orientar a qual pista seguir, como chegar em determinada pessoa, onde encontrar a informação que precisa, no que confiar...
Essa experiência é adquirida com o tempo e treinamento. Uma forma muito boa de treiná-la é assistindo filmes de suspense. Hoje em dia, considero como bons, os filmes nos quais eu não consigo adivinhar o que vai acontecer. Quando o filme está à minha frente é porque perdi pra ele. Quando sou eu que estou à frente da história do filme, aí não compensa perder tempo assistindo, pois não vai me acrescentar em nada.
Motoristas que não dão seta também nos ajudam com a intuição. Depois de um tempo no transito, você passa a saber como a maioria dos motoristas vai agir em diversas situações, mesmo que não sinalize corretamente.
Isso envolve um pouco de linguagem corporal.
 

Toda possibilidade é uma possibilidade

Não descarte nenhuma ideia ou possibilidade em sua investigação. A forma convencional de fazer as coisas não é a única forma de ser feito. Lembre-se, o caminho comum já foi muito pisoteado, tente uma abordagem diferente ou procure por caminhos alternativos. Não repita os passos dos outros, pois mais do mesmo não te retornará nada produtivo.
 

Bom senso

Essa é uma das melhores qualidades que uma pessoa pode ter. A sensatez vai te ajudar a escolher o momento certo de agir. Insista no que você quer, mas não seja chato. Bom senso sempre.
 
 

Não tenha vergonha

Use a sua educação para falar com as pessoas e perguntar, pedir, esclarecer... Não importa com quem você queira falar, se é uma pessoa importante, muito ocupada, difícil de contatar... Dê o primeiro passo, as vezes é muito mais simples do que o bicho de sete cabeças que acabamos criando em nossa imaginação.
 

Coerência

A sua vida deve ter coerência e o seu trabalho também. A coerência deve guiar os seus passos para que você não se torne uma Maria vai com as outras. Coerência é tudo, traz credibilidade e seriedade à quem a pratica.
 
 

Respeito com o seu público

Os mesmos que se intitulam Influenciadores Digitais, dizem que a imprensa manipula as pessoas.
Vemos aqui uma grande falta de coerência. Bom, mas a questão mesmo é a finalidade da pessoa ou imprensa querer manipular ou influenciar outros.
Com certeza o que eu estou escrevendo aqui, servirá de influencia para alguém no mínimo prestar atenção nesses pontos ao ler uma notícia, ouvir uma história. Isso é positivo.
Mas o respeito ao público é demonstrado quando a sua pesquisa cita fontes, dá detalhes e transparece credibilidade.
Além de respeitar o seu público, você também deve entender que muitas vezes o público não está nem aí pra esse tipo de coisa, apenas consomem e pronto, mas se você baixar o seu nível a isso, perderá os seus princípios e a qualidade do seu trabalho.
O filme Ip Man 3 diz: "É difícil para o aluno escolher um bom professor, mas é ainda mais difícil para um professor pegar um bom aluno”.

Não se molde pelo público, crie o seu e mantenha os seus princípios.
 
 

Conduta respeitosa e correta na Internet

Viu algo interessante publicado por outra pessoa e que usar em sua página, perfil, site...?
Muito bem, faça, mas do jeito correto.
Se for possível, compartilhe direto da publicação original, pois isso demonstra que você está mostrando o conteúdo de terceiros e consequentemente dando os créditos a ele.
Não dá pra compartilhar? Salve o material e ao publicar, dê os créditos ao criador dele.
Veja, não é difícil, basta dar os créditos. Seja educado e use a empatia, aja como você gostaria que agissem com você.
 
Pesquisar, compartilhar, envolver-se em assuntos diversos com diferentes públicos é uma janela enorme para o exterior e vai demandar princípios de moral da sua parte. Infelizmente, no geral o único princípio que seguem é o de ter mais curtidas. Isso é terrível...
 
 

Uso de jornais e revistas

Antes de aceitar tudo que for encontrado em jornais e revistas, você deve entender que:

Cada mídia tem uma periodicidade de lançamento;
Cada um tem uma área onde é especializada;
Conhecer o local da mídia;
Entender que a data do jornal nem sempre é a data da matéria;
Ter o cuidado de não tirar uma notícia de seu contexto, pois as vezes já passou uma semana, por exemplo, mas o jornal só noticiou agora.
Aumentar a credibilidade utilizando mais de uma fonte com a mesma informação.
 
 

Uso de definições

Cuidado ao fazer afirmações de certeza sobre coisas que você não sabe.
Não deixe de dizer coisas como: “Até então sabemos que”, “Acredito que possa ser”, “Tenho dúvidas quanto a”, “Ainda estou pesquisando sobre”, “Não tenho como confirmar tal”...
É melhor dizer isso do que falar uma coisa que nem mesmo você está convencido que é fato.
 
 

O que você sabe muda, mas a história é uma só

A história é uma só. As vezes ouvimos “estão descontruindo a história de tal coisa”, mas se formos analisar com calma, entenderemos que não é desconstrução, na verdade ela foi construída de forma errada e agora estão mostrando os fatos livres de opiniões.
Isso pode ser muito complexo, pois um fato pode ter mais de uma interpretação e aí as versões de história vão aumentando.
 
Fatos não mudam, a história não muda, mas está sempre em atualização. A tecnologia digital é um dos principais motivos de hoje em dia termos facilidade em encontrar documentos antigos, coisa que há 10 anos não era possível. Mais uma vez, tudo deve ser analisado dentro do seu contexto histórico, para que não se cometa injustiça com pesquisadores e nem mude o foco do assunto.